Reiki, a arte de ser feliz na Cercigui

PorFórum

Reiki, a arte de ser feliz na Cercigui

Foi em 2010 que esta terapia complementar entrou na Cercigui pelas mãos da terapeuta ocupacional e reikiana Ofélia Lestre e da coordenadora do Núcleo Regional de Guimarães da Associação Portuguesa de Reiki, Sílvia Oliveira. O projeto “Reiki, a arte de ser feliz” conta com a participação de vários voluntários que começaram em 2016 a ensinar Reiki aos clientes da Cercigui.

A terapia de Reiki é realizada através de um toque suave ou a uma curta distância do corpo do paciente, sendo transmitida “energia universal” para as zonas mais necessitadas da pessoa. Esta é uma terapia complementar que não pretende invalidar ou substituir qualquer outra terapia ou medicina.

A sessão semanal começa com os participantes e os terapeutas voluntários sentados em roda. Desta vez, a entrevista ao Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência de Guimarães altera o rumo da reunião e acabam juntos a fazer contas aos anos em que já praticam Reiki.  “Há uma ou outra pessoa que vai desistindo”, referiu o terapeuta Carlos Dias. “Eu até me confundo porque meteu-se a pandemia e não contam esses anos,” acrescentou a terapeuta Elisabete Silva. Ambos são voluntários reikianos e são ajudados pelos clientes da Cercigui nesta soma que já vem longa para alguns. “Eu já fui a um congresso do Reiki e a reuniões do Reiki”, atirou Elisabete Maria.

 

Refere-se ao VIII Congresso Nacional de Reiki que se realizou em outubro de 2017. A cliente da Cercigui foi uma das 300 participantes neste evento, em representação da instituição vimaranense. É também graças ao Centro Português de Investigação e Formação em Terapias Complementares (Cenif) que este projeto de inclusão existe com o principal objetivo de habilitar alguns dos clientes da Cercigui com competências que lhes permitam serem praticantes de Reiki e assim ajudarem-se a si mesmos, dando-lhes também a possibilidade para cuidar dos outros.

“O Reiki dá para a pessoa relaxar e ficar mais calma” referiu a Elisabete Maria. “Menos nervosa”, atirou o Rui Filipe Fernandes. “Eu quando estou nervosa faço Reiki para mim e fico bem, adormeço. Eu gosto muito do Reiki e sei que o Reiki me acalma. Eu quando estou nervosa, ponho as mãos no peito e no estômago para ficar mais calma e depois adormeço e nem reparo que estou a dormir e fico relaxada”, explicou Elisabete Maria.

Todas as segundas-feiras Elisabete Maria junta-se à terapêutica ocupacional Ofélia Lestre para fazer Reiki a quem precisar na instituição vimaranense: “À segunda-feira quando estou na escola faço a quem me pede. É excelente”, garantiu.

É a primeira vez que Jerónimo Agostinho faz Reiki a alguém. “Gostei imenso e quero vir sempre para aqui para o Reiki”, disse. “E podes vir sempre”, reforçou a terapeuta voluntária. “Eu gostava de dar Reiki ao Paulo, mas ele não quer fazer”, lamentou Jerónimo Agostinho. “Eu ajudo-te”, atirou Elisabete Maria. O Jorge não quis fazer Reiki a ninguém.  “Não, eu não sei”, considerou. “Ele diz que não sabe, mas sabes Jorge. Eu vou-te ensinar”, incentivou Elisabete Maria.

“Vamos aos lares de Guimarães. Como é o nome do lar?”, perguntou Rui Filipe Fernandes. “Mascotelos”, respondeu o terapeuta voluntário. “Reiki, a Arte de Ser Feliz” é um projeto de Reiki Inclusivo que tem vindo a aplicar sessões de Reiki aos clientes dos lares, nomeadamente no lar de Mascotelos, em Guimarães. “Eu tenho uns tios que estão no lar de Santo Amaro. Eu fico contente de ver outros velhinhos e uma pessoa conhecida diz-me ‘quando acabares de fazer o Reiki podes ir ver os teus tios’”, conta Patrícia Oliveira.

Os alunos de uma turma da EB. 2 3 de Arões do Agrupamento de Escolas de Fafe puderam interagir com os clientes da Cercigui ao mesmo tempo que tinham contacto com o Reiki. “Foi uma experiência muito engraçada porque até os professores ficaram espantados. Era a pior turma que têm em termos de agitação e nisto estavam todos muito quietinhos e deu para fazer [Reiki]. Os professores estavam sem perceber muito bem o que é que se estava a passar”, lembrou Elisabete Silva.

 

Mas não é apenas entre as instituições que os clientes da Cercigui e os voluntários dão a conhecer os benefícios do Reiki para o equilíbrio físico e mental. Também os familiares e amigos tiram proveito desta faceta reikiana deles. “Eu quando tenho a minha família também faço. Quando a minha irmã fica muito nervosa, eu ponho-a sentada e faço o Reiki. E ela fica mais calma”, disse João Carlos Ribeiro.

“Um dia, a minha tia diz que está um bocadinho nervosa e eu disse-lhe: ‘Anda ao meu quarto que eu vou-te fazer uma coisa’ e ela diz: “Tu tens jeito para tudo. É massagens, é Reiki. Já fiquei melhor”, lembrou Patrícia Oliveira. “Tenho uma amiga que já teve cancro no peito e eu costumo ir sempre à casa dela fazer-lhe Reiki e faço-lhe massagens. Costumo pôr-lhe um creme nas cicatrizes”, referiu Elisabete Maria.

Entretanto, repentinamente, Rui Filipe Fernandes levantou-se e foi fazer Reiki ao terapeuta voluntário Carlos Dias. “Eu não percebo, ele quer sempre receber e agora quer ensinar,” observou Elisabete Silva. “Cabeça, orelhas, olhos, garganta, peito, barriga, coxas, anca, joelhos e pés”, resumiram em conjunto.  “Ele faz tão bem e nunca quer fazer”, acrescentou a terapeuta. “Para a semana”, prometeu Rui Filipe Fernandes.

“Quem faz também tem benefícios, há benefícios para os dois lados”, relembrou a terapeuta ao grupo. “Quem está a dar canaliza energia universal e por isso eu costumo dizer que quanto mais Reiki fazemos aos outros melhor nós estamos, frisou”.

A conversa fluiu para a existência dos chakras. “A forma como se descobre o chakra prevalente é com a data de nascimento: o dia, o mês e o ano. Junta esses números todos e depois dá um número de 1 a 9”, esclareceu Carlos Dias. “Com eles não trabalhamos muito a teoria porque é de difícil compreensão”, acrescentou Elisabete Silva. “É mais importante o sentir e eles conseguem interiorizar muito mais o sentir do que muita teoria”, completou.

“Nem sempre, se a pessoa não sente resultados do Reiki, é culpa de quem está a fazer. Se a pessoa estiver muito fechada, por melhor que seja o terapeuta que está a fazer Reiki, não funciona. Tem tudo a ver com a nossa predisposição para aceitar as situações e, por isso, funciona bem com jovens com incapacidades porque não têm barreiras, tudo flui com eles”. Elisabete Silva.

Foi a curiosidade que levou o Reiki a entrar na vida de Carlos Dias e desde essa altura nunca mais saiu. “Influenciou a minha maneira de ser, compreendendo os outros, a mim próprio… Eu pensava que era muito calmo e quando entrei no Reiki percebi que não era muito calmo. A minha calma era aparente”, lembrou.

Carlos só faz voluntariado, enquanto a Elisabete é terapeuta de Reiki e teve contacto com esta terapia há seis anos. “O Reiki surgiu após uma situação mais difícil da minha vida, daquelas situações em que se está num buraco e não se consegue sair e, no fundo, abriu-se ali uma porta para procurar um escape”, admitiu. “Eu ao entrar no Reiki percebi que, acima de tudo, o que ele me trazia era uma filosofia de vida diferente e foi isso que eu tentei interiorizar e, por isso, trabalhei imenso os cinco princípios de Reiki, eles são fundamentais para mudar a nossa maneira de estar na vida e de nos relacionar com os outros”.

Elisabete Silva sentiu que ganhou uma nova consciência e também Carlos Dias diz que o Reiki “mudou completamente” a forma de estar na vida e de olhar a vida, influenciando, inclusivamente a vida de quem está à volta deles. “Se antigamente reagia de uma maneira e agora reajo de outra, a pessoa vai perceber e se eu deixo de iniciar a discussão, a outra pessoa também não discute e acaba ali tudo”, exemplificou. “O Reiki não nos vai dizer o caminho, mas vai-nos dar a paz interior para vermos melhor qual é o nosso caminho e vermos realmente o que queremos fazer”, concluiu Elisabete Silva.

 

 

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