“Desmistificar a deficiência: os desafios da comunicação” começa quinta-feira

PorFórum

“Desmistificar a deficiência: os desafios da comunicação” começa quinta-feira

Em entrevista ao Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência, a vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães explica porque é que o município decidiu avançar com a ação de formação “Desmistificar a deficiência: os desafios da comunicação” dirigida aos respetivos colaboradores.

Fórum Municipal (FM) – Depois da formação realizada em novembro do ano passado dirigida aos elementos do Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência, a Câmara Municipal de Guimarães vai avançar com a mesma iniciativa dirigida aos seus colaboradores. Porque é que decidiram apostar nesta iniciativa?

Paula Oliveira (PO) – Porque consideramos que este tipo de ações contribuem para a prestação de um melhor serviço às pessoas com deficiência e porque é importante que os funcionários do município estejam dotados de conhecimentos e de competências que lhes permitam comunicar melhor com as pessoas com deficiência. Queremos que a informação disponibilizada pelo município esteja gradualmente adaptada a todo o tipo de deficiências de forma a garantir o acesso à informação e contribuir assim para uma sociedade mais inclusiva.

 

FM – Resolveram começar pelos funcionários do município…Porquê? A ideia é tentar contribuir para a mudança de mentalidades e para a desmistificação da deficiência a partir de dentro?

PO – O município tem responsabilidades em áreas importantes para a vida das pessoas e contacta diariamente, direta ou indiretamente, com muitos munícipes e com pessoas oriundas de outros pontos do país e do estrangeiro, pelo que é importante que tenha como um dos seus princípios de atuação, a igualdade de oportunidades, assumindo políticas promotoras de igualdade e de não discriminação. Os nossos colaboradores, são, entre outros, o rosto visível do município, pelo que nos importa que assumam competências e atitudes que contribuam, no âmbito das suas funções e responsabilidades, para um concelho inclusivo e acessível a todos.

 

FM – Os professores e outros técnicos das escolas (pessoal não docente) também vão participar nestas formações. O município entende que são importantes agendes de mudança?

PO – Sim, temos a intenção, em colaboração com os Serviços de Educação, de estender esta formação aos agentes educativos dos agrupamentos de escolas, pois consideramos que têm um papel fundamental na construção de atitudes e comportamentos dos mais novos. Contudo, nesta fase, ainda estamos a estabelecer diligências para a sua promoção.

 

FM – Quais são as expetativas do município no final desta formação, quer em relação aos colaboradores, quer em relação às escolas?

PO – Esperamos, antes de mais, sensibilizar todos aqueles que irão participar, para assumirem um olhar inclusivo sobre a deficiência e que desenvolvam no seu quotidiano pessoal e profissional atitudes que contribuam para uma sociedade mais justa e solidária e que, na medida das suas possibilidades, contribuam para tornar os seus locais de trabalho mais acessíveis e que desenvolvam e disponibilizem conteúdos informativos acessíveis a todas as pessoas.

 

FM – Têm intenções de alargar, no futuro, a aposta nestas formações?

PO – Queremos sempre fazer mais e melhor, mas, primeiro teremos que avaliar como irá decorrer esta formação e seu impacto. Depois disso, pensaremos no que poderá ser feito e em que moldes, mas, as questões das acessibilidades e da igualdade de oportunidades são e serão sempre uma nossa preocupação.

 

As primeiras sessões desta formação começam já esta quinta-feira e os participantes terão a oportunidade de desconstruir mitos e preconceitos e perceber a influência que a utilização dos conceitos adequados poderá ter nas mudanças necessárias à construção de uma sociedade mais inclusiva.

Este encontro é também uma oportunidade de perceber o que se deve ter em conta na produção de conteúdos e documentos acessíveis, na apresentação da informação em sites e de saber quais as tecnologias usadas por pessoas com deficiência para comunicar.

Os participantes terão, também, a possibilidade de conhecer alguns aspetos relacionados com a comunicação acessível, como atender este público e como tornar os ambientes acessíveis.

Além das oito sessões para os colaboradores do município, estão previstas ainda 14 ações de formação, uma por agrupamento escolar, o que vai permitir que 180 participantes, entre eles, professores, auxiliares da ação educativa e outros técnicos tenham mais uma oportunidade de “desmistificar a deficiência”, e de refletir sobre “os desafios da comunicação” com pessoas com diversidade funcional.

Numa segunda fase, do total de 300 formandos serão selecionados 90 cuja atividade profissional se justifique para participar no nível II da ação de formação que incide na acessibilidade digital e no conhecimento de software gratuito e tecnologias de apoio que facilitem a comunicação de pessoas com diversidade funcional.

Esta iniciativa, que conta com o apoio do Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência de Guimarães, que também identificou a necessidade de capacitar as pessoas para comunicar com todos os públicos independentemente da sua condição funcional, é ministrada pelo Núcleo de Inclusão, Comunicação e Media que gere a revista digital Plural&Singular.

 

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O Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência é um órgão informal de debate, de consulta e informação que funciona com o apoio da Divisão da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães e que, em 2018, completa 15 anos de existência. Composto por representantes de associações e instituições públicas e privadas, pessoas com deficiência e respetivos representantes o Fórum assume como principais funções a promoção e organização de debates temáticos e de ações e projetos de interesse para as pessoas com deficiência, assim como a apresentação de propostas e sugestões dirigidas a este público. Podem fazer parte do Fórum associações e instituições públicas e privadas, com personalidade jurídica, pessoas com deficiência e seus representantes. Os membros devem ser registados.

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