Cercigui desafia o isolamento social com solução inovadora

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Cercigui desafia o isolamento social com solução inovadora

O Projeto I9 com a Diferença já arrancou em Guimarães. Está em causa uma solução inovadora para dar resposta à população desprotegida com doença mental ou deficiência intelectual que se encontra em situação de exclusão social. Esta iniciativa, que resulta de uma parceria da Cercigui com o município, encontra-se na fase de avaliação de candidatos e contempla apoiar 40 pessoas até 31 de dezembro de 2022.

“O público-alvo serão adultos, que reúnam uma ou mais das seguintes condições: estar atualmente fora do mercado de trabalho, por inadaptabilidade, doença ou ausência de oportunidade, sem acesso a centros de atividades ocupacionais ou que não estejam a frequentar uma instituição de ensino ou no centro de reabilitação e formação profissional e que apresentem limitações significativas ao nível da atividade e participação, num ou vários domínios de vida, decorrente de alterações funcionais e estruturais”, começa por explicar a coordenadora do projeto, Clara Paredes Castro.

Esta iniciativa vai contribuir para retirar cerca de quatro dezenas de pessoas residentes no concelho vimaranenses do isolamento social em que se encontram, fazendo com que o impacto deste projeto seja sentido também pelas famílias e respetivas comunidades.

O objetivo principal do Projeto I9 com a Diferença, que dá resposta a uma necessidade de apoio social identificada há bastante tempo, é “melhorar a qualidade de vida destas pessoas” “reorientando o seu projeto individual”, e assim retirá-las de situações de exclusão social em que vivem. Para o fazer pretende-se estimular a experimentação e a capacitação e alavancar o potencial individual de cada um através de um acompanhamento terapêutico que procura encontrar soluções à medida das capacidades e motivações de cada participante, tanto a nível profissional, de formação e mesmo de lazer.

Este espaço apresenta-se como uma espécie de proposta híbrida entre um centro de atividades ocupacionais e um centro de reabilitação e formação profissional. Mas o acompanhamento personalizado para reorientar o projeto de vida de todos os participantes é a grande vantagem deste projeto e que o torna verdadeiramente inovador.

“Interessa acima de tudo pegar numa pessoa que está sem respostas e reorientar o seu projeto de vida, percebendo as suas competências e procurando soluções à medida das mesmas”, resume a coordenadora do projeto. Ou seja, não pretende ser uma atividade ocupacional permanente nem tem como objetivo a integração efetiva no mercado de trabalho, pretende antes perceber qual é potencial de cada participante e qual é o percurso necessário para o reintegrar na sociedade.

“O I9 com a diferença é um espaço onde se desenvolvem atividades e se fazem produções de pequenos trabalhos fornecidos por empresas da região, ou parcerias com empresas onde possam prestar serviços, de forma a criar dinâmicas, respeitando sempre os ritmos e capacidades de cada indivíduo”, descreve Clara Paredes Castro. “Paralelamente é também um espaço de lazer e relaxamento, onde se desenvolvem atividades com um acompanhamento individualizado, tendo em conta as especificidades de cada um, usufruindo de um programa psicossocial e terapêutico”, continua a também responsável de marketing e comunicação da Cercigui.

O acompanhamento terapêutico visa potenciar a integração no mercado do trabalho mesmo que esteja em causa uma integração parcial. Desta forma pessoas que não tenham competências emocionais para aguentar jornadas de 35 horas de trabalho semanal ou mesmo outras que não consigam trabalhar em equipa encontram aqui um espaço de apoio integral para conseguirem encontrar uma solução à medida.

Para o efeito, o espaço físico onde se vai desenvolver o projeto contempla um gabinete de acompanhamento terapêutico individual, uma sala de informática e uma sala multifunções para desenvolver atividades lúdicas e fazer pequenas produções.

A sinalização para frequentar esta resposta social inovadora já começou e a rede de parceiros da Cercigui será também chamada à colaboração neste projeto, nomeadamente os empresários da região que vão disponibilizar pequenas tarefas a desenvolver tanto na sede do projeto, como na das empresas ou mesmo em casa dos participantes. São trabalhos internos que vão desde a costura, embalagem, etiquetagem ou trabalhos externos relacionados com áreas como a hotelaria, restauração, têxtil. Estão dependentes da oferta das empresas e das competências que sejam identificadas nos clientes.

Para o desenvolvimento deste projeto estão alocadas cinco técnicas que compõe, curiosamente, uma equipa 100% feminina que além da coordenadora inclui uma psicóloga, uma terapeuta ocupacional, uma assistente social e uma auxiliar da área da animação sociocultural.

 

 

 

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