Apresentação formal da Because I Care

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Apresentação formal da Because I Care

“Foi muito difícil porque o diagnóstico em si é muito duro de receber”. Começa Paula Gonçalves por dizer a propósito da doença de Alzheimer que apareceu na sua vida, sem aviso prévio e “tomou conta” da respetiva mãe. Foi na apresentação pública formal da Because I CareAssociação para Apoiar e Cuidar de Pessoas que Cuidam que aconteceu no CliHotel, na tarde deste sábado, dia 12 de outubro, que esta cuidadora informal contou que saiu do médico “com um diagnóstico e uma receita na mão”. “Não me foi dito mais nada. Nem que ela ia ter as alterações que teve, que ia deixar de me reconhecer como filha,” lembrou.

Paula Gonçalves fez um apanhado do que na vida dela, e de tantos outros cuidadores, mudou enquanto cuidadora informal, incluindo o facto de ter deixado de trabalhar e de ter vida conjugal porque a mãe precisava de supervisão permanente e, nesse sentido, dormiam juntas. “O meu casamento sobreviveu porque eu tenho um grande homem”, fez questão de sublinhar.

O falecimento da mãe não representou o fim das angústias e dos problemas associados a esta condição: “A minha vida ficou aos bocadinhos e ainda hoje ando a apanhar esses bocadinhos. Por isso digo que mesmo sendo ex-cuidadora não é fácil”, concluiu emocionada.

A apresentação desta associação vimaranense, que pretende desenvolver serviços de psicologia individual e em grupo, treino de competências, atividades de lazer e bem-estar e proporcionar aos cuidadores informais a possibilidade de fazerem pausas e terem férias, prosseguiu com a intervenção do presidente da delegação de Guimarães da Cruz Vermelha. Armando Guimarães frisou que é necessário “concertar todos os esforços” apresentando a nível do concelho “processos e serviços com qualidade” que tenham como público-alvo os cuidadores informais que “muitas vezes se colocam, perigosamente, num papel secundário” em relação à atenção dada aos dependentes.

A diretora técnica do CliHotel de Guimarães, Andrea Almeida fez questão de salientar a importância do reconhecimento do trabalho dos cuidadores informais ao fazer referência ao conceito do salário emocional. Uma ideia que fez a ponte perfeita à intervenção da presidente da Because I Care que, depois de explicar a escolha do nome da associação – “porque eu quero saber”, “porque eu me importo” – falou do burnout de compaixão que assombra tanto cuidadores formais como informais. “A compaixão dá saúde. Se os cuidadores são compassivos porque é que estão esgotados?”, questionou a psicóloga e psicoterapeuta. Em resposta, Fátima Saraiva diz que “os cuidadores não estão a ser auto-compassivos” e que têm que ser “munidos de estratégias para serem cuidadores”.

A vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães ficou responsável pelo encerramento deste momento de apresentação formal da Because I Care e em jeito de apreciação do trabalho efetuado no concelho em relação ao apoio ao cuidador informal considera que é necessário trabalhar em rede e rentabilizar recursos. “Já fazemos muito mas podemos fazer melhor através de um trabalho articulado. Todos seremos necessários para este grande desafio e tarefa que é cuidar”, considerou. Desta forma, antecipou que o município pretende fazer um levantamento das necessidades e apoiar o trabalho que é necessário realizar junto dos cuidadores informais vimaranenses.

O balanço de Fátima Saraiva chegou ao Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência ainda “quente” de emoções. A presidente da Because I Care começou por valorizar a quantidade de contactos realizados neste dia. “Ao nível do que era o nosso propósito – que era iniciar a rede com as instituições que já estavam no terreno a trabalhar – eu acho que foi mesmo muito frutífero para perceber de que forma podemos estabelecer parcerias e sinergias e fazermos um trabalho de reciprocidade”, referiu a presidente da Because I Care.

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