Candidaturas abertas à 6.ª edição do concurso internacional de fotografia “A inclusão na diversidade”

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Candidaturas abertas à 6.ª edição do concurso internacional de fotografia “A inclusão na diversidade”

Estão abertas, até 15 de outubro, as candidaturas ao concurso internacional de fotografia “A inclusão na diversidade”. E na sexta edição desta iniciativa a organização quer chamar a atenção para as questões de género e, ao mesmo tempo, tornar o concurso de fotografia ainda mais acessível graças à parceria com o mestrado em Comunicação Acessível do Instituto Politécnico de Leiria.

O Centro Português de Fotografia (CPF), continua a ser o parceiro principal desta iniciativa e o local que acolhe a exposição dos premiados – os vencedores do concurso são anunciados publicamente com o lançamento da 23.ª edição da revista digital Plural&Singular durante a manhã do dia 3 de dezembro e numa cerimónia a realizar na parte da tarde no Centro Português de Fotografia, no Porto.

Este concurso de fotografia, em 2019, continua à procura da “inclusão na diversidade” e desafia tanto fotógrafos amadores como profissionais a participar, se quiseram também com exemplares de exclusão, apontando o dedo à discriminação que ainda teima em existir quer nas questões que digam respeito à deficiência, como também ao género, à orientação sexual, religião, raça e etnia, idade, enfim qualquer questão que dê lugar a atos discriminatórios associados às ‘diferenças’.

Outros dos propósitos desta iniciativa é assinalar o aniversário da Plural&Singular e o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, ambos comemorados a 3 de dezembro.

A Plural&Singular volta a lançar um repto a todas as entidades e instituições para participarem e darem a conhecer os projetos que poderão estar por trás das imagens que candidatam. Mais do que ganhar, o objetivo é contribuir para o registo da Inclusão na Diversidade, participando…

Embora esteja patente no regulamento, nota para o facto das fotografias serem avaliadas com base nos seguintes critérios: adequação ao tema do concurso; originalidade; criatividade; composição e podem concorrer todos os fotógrafos, amadores e profissionais, crianças e adolescentes, jovens, adultos e idosos, a título individual ou em representação de alguma entidade.

 

Manuela Ralha, a jurada convidada da 6.ª edição

O concurso internacional de fotografia “A inclusão na diversidade” promove a equidade e a igualdade de oportunidades e, seis anos depois do lançamento desta iniciativa, a revista digital Plural&Singular, gerida pelo Núcleo de Inclusão, Comunicação e Media, decidiu convidar Manuela Ralha para júri com o intuito de chamar a atenção para a interseção entre dois eixos de opressão: a deficiência e o género.

“Depois de, em cinco edições, convidarmos pessoas para integrar o painel de jurados sempre ligadas às questões da inclusão na deficiência, considerámos que está na hora de aproveitar a visibilidade do concurso para chamar a atenção para a interseccionalidade e como tal entendemos que a Manuela Ralha seria a pessoa ideal para dar início a esta nova visão do concurso – assumindo que é uma figura pública, enquanto política, é também mulher e, como tal, é uma importante representante das dificuldades de se ser mulher e se ter deficiência”, explica a organização.

Manuela Ralha é vereadora da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Enquanto ativista nas questões da inclusão e por ter paraplegia também tem trabalhado com a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) em vários seminários e publicações sobre a questão das mulheres com deficiência e a questão das múltiplas discriminações. “Não só em razão da deficiência mas em razão do intersecionismo devido às variáveis que se cruzam, logo o facto de ser mulher com deficiência é motivo para dupla discriminação”, completa Manuela Ralha.

Sobre o concurso de fotografia se assumir como uma iniciativa capaz de chamar a atenção para a questão da Interseccionalidade – que se refere à interdependência das relações sociais de raça, sexo e classe, entre outras para explicar a importância de considerar a “sobreposição” de eixos de opressão – Manuela Ralha considera que qualquer iniciativa que chame a atenção para as questões da inclusão, “seja em termos sociais, de pessoas com deficiência, seja uma questão de género, racial, étnica ou de sexo ou de orientação sexual”, é válida.

“É muito importante este concurso de fotografia porque as pessoas muitas vezes reagem mais à imagem do que a textos imensos que uma pessoa possa escrever sobre o assunto”, começa por dizer. “Efetivamente, as questões visuais são muito mais cirúrgicas do que propriamente as palavras que possamos escrever e esta é de facto uma iniciativa que já está consolidada e que cada vez mais ganha espaço e que cresça cada vez mais para que contribua para que a inclusão seja uma realidade em todos os seus domínios”, conclui.

A ativista vai juntar o olhar “amador” na avaliação das fotografias, como vem sendo habitual, ao olhar técnico dos dois especialistas que completam o trio de jurados: Sónia Silva, em representação do Centro Português de Fotografia, nomeada presidente do júri, e o fotojornalista do jornal Público, Paulo Pimenta.

 

Acessibilidade da exposição itinerante

A outra novidade prende-se com o convite que a Plural&Singular lançou à Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria para trabalhar a acessibilidade das fotografias do concurso a pessoas cegas e com baixa visão. Os alunos do mestrado em Comunicação Acessível foram desafiados a fazer a descrição das 16 fotografias vencedoras das cinco edições d’“A inclusão na diversidade” e a primeira fase desta parceria já foi concluída.

“Os textos têm que ser muito curtos e têm que se cingir à mensagem inicial de descrição, tirando a interpretação para respeitar os princípios básicos da objetividade e da neutralidade e, por isso, o procedimento depois dos textos enormes que tinham feito foi juntar um pequeno grupo de pessoas para fazer cortes”, explica a coordenadora do mestrado em Comunicação Acessível da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, Carla Freire.

Na próxima fase pretende-se completar esta descrição com as notas preliminares, dando destaque à descrição que o autor da fotografia faz da imagem para que posteriormente, na fase de locução tudo seja considerado para a audiodescrição. “Quem for a fazer a parte áudio, tem, não só de falar da descrição, mas também contextualizar quem é o autor, o porquê da foto e só depois explicar o que ali está”, completa Carla Freire.

O futuro desta parceria prende-se com a tentativa de tornar estas fotografias táteis. “Mas nós já verificámos que a questão dos contornos não chega”, sublinha a responsável. “Em testes com pessoas cegas e com baixa visão reparámos que só o contorno não chega, mesmo com uma boa audiodescrição é muito complicado. Porque quem tem cegueira adquirida tem uma memória visual, torna-se mais fácil. Quem tem cegueira congénita não tem qualquer representação visual. E o facto de sentir apenas contornos mesmo que estejam descritos dificilmente poderão compreendê-los”, acrescenta.

A longo prazo e com base na investigação, Carla Freire avança que se pretende testar “diferentes padrões e diferentes texturas para tentar dar relevo a áreas mais significativas da fotografia e depois com o apoio da descrição, da audiodescrição de facto torná-las acessíveis”.

À Plural&Singular e ao Instituto Politécnico de Leiria para validar o trabalho efetuado é essencial o apoio da ACAPO e que pessoas que estão cegas testem a aplicação das próprias normas universais. “Que nos tentassem representar com palavras delas o que é compreendido ou não daquela fotografia. Existem normas universais, vamos aplicá-las mas depois vamos testar se, efetivamente, transmitem a informação”, frisa Carla Freire.

O resultado desta parceria pretende ser apresentado na exposição itinerante das fotografias que venceram as cinco edições do concurso internacional de fotografia “A inclusão na diversidade” que a Plural&Singular está a preparar para inaugurar em 2019. “Temos que tornar esta iniciativa o mais inclusiva possível para respeitar o mote que a tem vindo a acompanhar: “A ‘inclusão na diversidade’ é um ‘mar de possibilidades’, e para esta exposição há tanto que deve e pode ser equacionado, em termos de aspetos concretos e simbólicos da inclusão de TODOS os que de alguma maneira são alvo de preconceitos e de discriminação. A Plural&Singular decidiu começar com a acessibilidade da fotografia a pessoas com deficiência visual, mas há muito mais a fazer para tornar esta exposição um exemplo de perfeita inclusão [risos]. Ou quase perfeita”, acrescentam os responsáveis da Plural&Singular.

 

Balanço de uma mão cheia de edições

Em 2014, naquela que foi a edição de arranque do “A Inclusão na Diversidade” estiveram a concurso 61 fotografias, tendo o CPF registado a visita de 3.802 pessoas à exposição que resultou desta iniciativa. Em 2015 estiveram 85 fotografias a concurso e a exposição recebeu 5684 visitas. Na 3.ª edição do concurso de fotografia “A inclusão na diversidade”, em 2016, a participação superou as expetativas da organização: contabilizaram-se 144 imagens candidatas, um número que ultrapassa as duas edições anteriores e 3.901 pessoas visitaram a exposição do CPF. Na edição de 2017 o concurso recebeu 107 fotografias, metade das candidaturas eram internacionais e a exposição no CPF recebeu 6.542 visitantes. Em 2018 o concurso recebeu 149 fotografias e o artigo de lançamento desta edição do concurso teve 16460 visualizações.

Mais informações através do email geral@pluralesingular.pt ou pelo telefone 913077505

 

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