Vencedores do Concurso Literário “Realces”

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Vencedores do Concurso Literário “Realces”

A Associação Internacional dos Lusodescendentes (AILD) regressou a Guimarães para inaugurar a exposição tátil “Emoções” e lançar o Concurso Literário “REALCES”, dirigido a todas as crianças e jovens, entre os 8 e os 17 anos, a residir no concelho de Guimarães.

Esta iniciativa, que contou a parceria da Amostra de Letras, a Câmara Municipal de Guimarães, a Aliança para a Deficiência Visual (ADV), e a Leya Educação, segundo a organização teve como finalidade promover e fomentar junto do público infantil “a importância da equidade no direito à participação cultural através da promoção da acessibilidade à arte”, mas também “a importância de se promover a saúde oftalmológica”. O tema escolhido para esta I edição foi “Ver pelo tato” e vários alunos dos agrupamentos de escolas vimaranenses responderam ao repto e apresentaram textos em prosa e verso inspirados neste mote.

Eis a lista dos dez vencedores do “I Concurso Literário “Realces”, uma iniciativa apresentada durante a inauguração da exposição tátil “Emoções” que decorreu em maio na Casa da Memória de Guimarães.

1º Infantojuvenil: Vitória Machado (Escola EB 2,3 Professor Abel Salazar do Agrupamento de Escolas Abel Salazar)

Ver com as Mãos

Vejo com as mãos aquilo que os olhos

nem sempre conseguem mostrar,

porque há segredos escondidos

que só o toque pode revelar.

Passo os dedos devagar,

sobre letras que não se veem,

mas que vivem no papel,

como estrelas que acendem e arrefecem.

O mundo tem mil texturas,

cada uma com um sinal,

há paredes que contam histórias,

e árvores com rosto de cristal.

Uma folha pode dizer

se o vento passou por ali,

uma pedra pode mostrar

o tempo que deixou de cair.

Tocar é como escutar

com a pele bem atenta,

é sentir o que há por dentro

de cada coisa que nos enfrenta.

Vejo um rosto com a mão,

descubro se sorri ou chora,

e mesmo sem ver os olhos,

sei tudo o que vai por fora.

Ver com as mãos é magia,

é arte, é descoberta, é luz,

é um caminho diferente

que também nos leva à cruz.

Porque ver é mais que olhar,

é sentir com atenção,

é ouvir com os dedos quietos

e falar com o coração.

2º Infantojuvenil: Francisca Marques (Escola EB1 de Pinheiral do Agrupamento de Escolas das Taipas)

 O escuro que ilumina

Não veem a luz, mas veem no escuro. Os olhos fechados ao mundo são janelas Abertas para dentro de si.

Ao não ver, não sabe do azul, Mas sabe do calor que o azul carrega. Ao não ver, não lê os rostos, Mas lê as vozes, as pausas, os silêncios.

Eu, que tudo vejo, não vejo nada. Perco-me na superfície brilhante das coisas, Na mentira das cores, Na ilusão das formas.

Eles, que não veem, Tateiam a verdade com as mãos, Sentem o mundo pelo cheiro a terra molhada, Pelo som da folha que cai, Pelo leve suspirar de um corpo ao seu lado.

Talvez queira eu não ver, para aprender a ver. Quem me dera a cegueira que ilumina por dentro, Quem me dera o escuro que clareia o sentido, Quem me dera ser cego para cego deixar de ser.

3º Infantojuvenil: José Lourenço Magalhães (Escola EB1 de Pinheiral do Agrupamento de Escolas das Taipas)

“Ver pelo Tato”

Querido confidente:

Às vezes dou por mim a viajar no tempo e a pensar em algumas histórias que a minha mãe me conta com os olhos carregados de emoção.

Quando nasci não tive o privilégio de receber o colo e o afeto do meu avô materno porque já tinha partido. Ferreirinha, por ti, fiz esta viagem para escrever nesta folha uma realidade que tanto te custou e te fez sofrer.

Quando tinhas sessenta anos e sem que ninguém esperasse, começaste a perder a visão. Maldita doença das diabetes. Foi tudo tão rápido e difícil. Querias continuar a fazer a tua vida normal, mas foste atraiçoado. A vida da nossa família teve de mudar.

Tiveste de deixar de conduzir e de vender ovos aos teus clientes. A minha mãe já não te acompanhava na entrega das encomendas que tanto gostava, especialmente nos supermercados, onde normalmente lhe oferecias doces. Deixaste de ir ao café ler o jornal e de fazer as palavras cruzadas. Não querias sair de casa. Sentavas-te à mesa e a revolta era grande. As lágrimas escorriam-te pela cara. Não conseguias ver a comida. Apalpavas o pão, a fruta e as sardinhas assadas na brasa. Escolher a roupa deixou de ser importante. Apenas passavas as mãos para descobrires de que peça se tratava e de que tecido seria. Passavas as mãos pelo cabelo e sabias se estava na hora de ir ao barbeiro. Deixaste de fazer a barba todos os dias. Guiavas-te pela casa apalpando as paredes. Sentias o quente e o frio pelas mãos. Sentias o macio e o áspero dos objetos pelas mãos. Quantas vezes sentiste o perigo através das mãos. Enfim… Nunca as mãos tiveram uma missão tão importante. O sentido do tato, que até aí parecia ser insignificante, passou a ser a tua luz.

Que pena tenho Ferreirinha, de não ter tido a sorte de sentir as tuas mãos a pegarem-me ao colo, de passares as tuas mãos pelo meu cabelo, de me amparares nas quedas, de me dares a mão no caminho de casa para a escola, de me ajudares a colar os cromos na caderneta, de me poderes abraçar quando marco um golo ou de te dar mais cinco sempre que o nosso Vitória marca um golo. Mas a vida é assim.

A minha mãe fala muito em ti e nunca serás esquecido. Fico tão orgulhoso quando me dizem que sou parecido contigo. A vida segue com a esperança de que a Medicina avance e ninguém se veja privado de um dos sentidos mais belos da nossa caminhada, a visão.

A todas as pessoas que tiveram a infelicidade de deixarem de ver como o meu Ferreirinha, deixo uma mensagem de força e de esperança.

Que consigamos sempre ver as cores, sentir os aromas e os cheiros, ouvir os sons, identificar os sabores e sentir as texturas que nos rodeiam.

Que todos os dias sejamos capazes de criar memórias das coisas mais simples da vida e que nunca nos faltem motivos para sonhar.

1ª Menção honrosa: Luana Neves (Escola Básica de Cerca do Paço do Agrupamento de Escolas Arqueólogo Mário Cardoso)

Ver pelo tato

Sabias que usamos os olhos e a luz para ver tudo o que está à nossa volta? Nós vemos através da visão com os olhos, mas precisamos da ajuda da luz para ver. Quando fica escuro, não conseguimos ver e usamos os outros sentidos para explorar o que nos rodeia. Isso acontece também com as pessoas cegas, que apesar de não verem conseguem conhecer o mundo com a ajuda dos outros sentidos. Temos cinco sentidos, a visão, o tato, a audição, o olfato e também o paladar. Com o tato conseguimos sentir as coisas. Gosto de utilizar o tato para mexer em tudo com as mãos, como por exemplo, nos meus gatos muito fofos. Mas também gosto muito de sentir a areia da praia e a relva do parque com os meus pés. O tato são uns olhos que sentem tudo. Os ouvidos são como antenas que apanham todos os sons, com eles ouço a música no carro no caminho da escola e também as vozes dos meus amigos quando estamos a brincar. Com o nariz podemos cheirar as flores e a comida muito boa da minha mãe que depois podemos provar com o paladar da nossa boca. Todos os sentidos são importantes e eles trabalham como uma equipa, quando um falha os outros ajudam. É possível explorar o mundo com os olhos, mas também com as mãos, a boca, os ouvidos e até o nariz!

2ª Menção honrosa: Inês Barros (Escola EB 2,3 Professor Abel Salazar do Agrupamento de Escolas Abel Salazar)

As mãos que mostram o que não é visto

Pelos dedos, o mundo se descobre,

Sem visão, mas com um sorriso a brilhar,

No toque o que os olhos desconhecem,

Com a pele o mistério desvendar.

Texturas palpadas com medo

Cada linha, cada forma, uma dúvida

Tudo se torna num segredo

Mas através das mãos tudo muda.

O sol e o vento, o tato desvenda

Desconhecida é a cor do céu e do mar

O sorriso nunca será algo que se entenda

Mas existe a voz para acalmar.

A caixa é quadrada, a flor amarela

A abelha voa, o cato tem espinhos

O toque serve de porta e janela

Para os olhos que seguem outros caminhos.

Os olhos não veem, nem observam

Mas os dedos tocam e sentem

Com o toque, as angústias acalmam

E os sentimentos esses não mentem

No silêncio do olhar, há um mundo escuro

Tudo se esconde, mas pode ser tocado

O tempo desliza num fio tão duro

E o sonho desperta, mesmo calado.

O mundo urge no invisível,

No ruído do não visualizado,

E a visão embora impossível,

Vive inteira no que é tocado.

3ª Menção honrosa: Maria Francisca Sobral (Escola Básica de Cerca do Paço do Agrupamento de Escolas Arqueólogo Mário Cardoso)

Ver com o Tato

Ontem à noite, aconteceu uma coisa estranha. De repente, a luz foi abaixo.

Estávamos em casa, tudo parecia normal, até que PUF! Ficou tudo escuro. Não víamos nada, nadinha mesmo! A televisão desligou-se, as luzes deixaram de brilhar e até o telemóvel ficou sem bateria. Ficámos no escuro total! No começo, foi um bocadinho assustador. Andávamos aos tropeções pela casa, à procura de uma vela ou de uma lanterna. Quando finalmente encontrámos uma, acendemo-la e ficou tudo com uma luz pequenina, amarela e quentinha. Era diferente, mas bonito de certa forma. Mesmo assim, pensámos: “Como seria viver sempre assim, no escuro?” Foi então que a mãe disse: — Há pessoas que vivem sem ver, todos os dias. Mesmo com a luz acesa, não conseguem ver como nós. Elas são cegas.

Ficámos muito calados. Nunca tínhamos pensado nisso com atenção. Como será viver sem ver? Como saber onde estão as coisas? Como saber quem está à nossa frente? A verdade é que essas pessoas conseguem viver, brincar, estudar e trabalhar como qualquer um de nós. Apenas usam os seus sentidos de forma diferente.

Todos nós temos maneiras diferentes de conhecer o mundo, mesmo quando não vemos com os olhos, há outras formas de descobrir o que está à nossa volta. Isso acontece graças aos nossos cinco sentidos. São como superpoderes que usamos todos os dias, mesmo sem reparar.

O primeiro sentido é a visão. Com os olhos, conseguimos ver as cores, as pessoas, os lugares, os desenhos, as letras e tudo o que está à nossa volta. Mas quando a visão não funciona, os outros sentidos ficam mais atentos, mais fortes, prontos para ajudar.

Outro sentido muito importante é o tato. Sentimos com a toque, principalmente com as mãos. Quando tocamos em algo, percebemos se é quente ou frio, se é liso ou áspero, se é pequeno ou grande. As pessoas cegas usam muito o tato para descobrir o mundo. É como se tivessem olhos nas pontas dos dedos!

Temos também a audição, que nos permite ouvir. Escutamos as vozes das pessoas, o barulho dos carros, da chuva, do vento, da música e de tantas outras coisas. Quem não vê com os olhos costuma ouvir com muita atenção, para perceber onde está e o que se passa à sua volta. Os seus ouvidos são como radares!

O olfato é muito importante. Com o nariz, sentimos os cheiros — o perfume de alguém, o aroma do bolo no forno, o cheiro da relva molhada ou do mar. Os cheiros ajudam-nos a lembrar de momentos especiais, de pessoas queridas e de lugares que gostamos.

E não podemos esquecer o paladar, o sentido do sabor. Quando comemos, usamos a língua para perceber se algo é doce, salgado, azedo ou amargo. As pessoas que não veem muitas vezes saboreiam os alimentos com mais calma, prestando atenção a cada pedacinho. Todos estes sentidos são preciosos. Cada um tem o seu papel. E quando um não funciona bem, os outros ajudam. O corpo é mesmo muito inteligente!

As pessoas que não veem aprendem a sentir o mundo com os ouvidos, o nariz, a pele, a boca… e com o coração. Usam todos os sentidos para perceber o que está à sua volta. Ver com as mãos? Como assim? Sim! Quando tocam em alguma coisa, sentem se é macia, dura, quente, fria, lisa ou rugosa. As mãos funcionam como olhos. Sentem os objetos e ajudam a pessoa a saber o que está ali. Isso é o tato a funcionar! Além disso, essas pessoas ouvem muito bem. A audição ajuda-as a perceber quem está a chegar, se há trânsito, se alguém está a falar. Conseguem ouvir o som da água, das folhas a mexer com o vento, dos passos a aproximarem-se. São muito atentas! Também usam o nariz para sentir os cheiros — o cheiro do jantar, das flores, do perfume de alguém, da terra molhada depois da chuva. Esses cheiros ajudam a perceber o que está à volta, mesmo sem ver. E, claro, usam a boca e a língua para sentir bem os sabores: o doce dos bolos, o salgado das batatas fritas, o azedo do limão, o amargo do café.

Sentem o sabor das coisas com mais cuidado e aproveitam melhor cada refeição.

Mas estas pessoas não usam os sentidos só para viver o dia a dia. Elas também aprendem a ler — com os dedos! Existe um sistema chamado Braille, que usa pequenos pontinhos em relevo. Os dedos passam por cima desses pontinhos e conseguem “ver” as letras e palavras. Assim, podem ler livros, bilhetes, placas, etiquetas… tudo com o tato! E como andam na rua sem ver? Muitas usam uma bengala especial, que toca no chão e ajuda a descobrir se há degraus, buracos ou obstáculos. Outras pessoas têm cães-guia, que são cães muito bem treinados para ajudar. Esses cães sabem quando parar, quando andar, quando atravessar a estrada. São amigos fiéis e muito espertos.

As pessoas cegas podem fazer quase tudo. Estudam, trabalham, tocam instrumentos, escrevem no computador, mandam mensagens, cozinham, cuidam da casa, passeiam no parque, vão ao cinema para invisuais… Vivem como todos nós, só que de um jeito diferente.

Não é por alguém não ver com os olhos que não pode ter uma vida feliz.

Essas pessoas são muito corajosas. Aprendem muitas coisas com esforço, paciência e dedicação. E fazem tudo com a ajuda dos seus sentidos… e do seu coração. Ver com o coração? Isso existe? Claro que sim! Ver com o coração é sentir quando um amigo está triste, mesmo que não diga nada. É dar um abraço na hora certa. É ajudar sem pedir nada em troca. É escutar com atenção. É estar presente com carinho. Ver não é só com os olhos. É também tocar com cuidado, ouvir com atenção, cheirar com curiosidade, saborear com calma. É usar todos os sentidos para conhecer e sentir o mundo.

Quando ontem a luz se apagou, sentimo-nos perdidos por uns instantes. Mas foi nesse momento que percebemos como usamos os nossos sentidos todos os dias — mesmo sem pensar. Imagina agora que vivias num lugar onde não se vê nada com os olhos. Como seria? Talvez começasses a ouvir melhor os sons à tua volta. A tocar nas coisas com mais atenção. A cheirar o ar e descobrir o que está por perto. A sentir o chão com os pés. A provar cada alimento com mais cuidado.

O mundo pode ser bonito mesmo no escuro, porque está cheio de sons, cheiros, texturas, sabores… e sentimentos. Então, da próxima vez que quiseres perceber melhor o mundo, fecha os olhos por um momento. Toca nas coisas.

Escuta os sons. Cheira os cheiros. Prova a comida com atenção. Sente com o coração.

Ver é importante, sim. Mas sentir com todos os sentidos é ainda mais especial.

As pessoas que vivem sem ver ensinam-nos uma grande lição: A luz mais importante não está nos candeeiros. Está dentro de nós. É a luz da amizade, da ajuda, do carinho e do cuidado que damos uns aos outros.

1º Juvenil: Carolina Oliveira (Escola EB 2,3 Professor Abel Salazar do Agrupamento de Escolas Abel Salazar)

Ver pelo tato

Ver pelo tato é como sonhar

é pintar o mundo como imaginar

É ver as coisas belas que o mundo contém

Mesmo não as conseguindo ver

Ver não é apenas luz

é o toque que traduz

Não precisamos de olhos abertos

para ver os caminhos certos

Não é fraqueza nem limitação

é força para crescer

Com as mãos podemos ver

o que o coração quer dizer

O olho não vê, mas a pele sente

Ver com o tato é ver diferente.

2º Juvenil: Inês Salgado (Escola Secundária Francisco de Holanda do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda)

Sinto para ver

Longas horas… longos dias sem fim,

Contra o vidro espelhado, culpei-me a mim

por toda a nova curva ou saliência que feria

O meu pobre agrado e minha triste alegria.

Rituais diários, constantes e intermitentes…

Horas perdidas em perfeita agonia

Num puro desgosto de um corpo que via:

Corpo alterado, que precisava de ser mudado.

Uma nova caricatura pintava

De cada vez que me encarava;

Grande vergonha me tomou refém

Aceitei a dor, segui com desdém…

Perdi a noção da minha imagem

Até me encontrar num ponto de viragem;

Invadiu-me profunda revolta…

Levou-me para um caminho que me queria morta.

Inocentemente, ouvi a trágica decisão,

Segui os conselhos dados pela minha visão…

Nada mais me forçou a compreender

Se aquela estrada era mesmo segura de percorrer.

Acreditei que tudo sabia,

Acreditei que via tudo quando nada via;

Acreditei que o espelho me bem aconselhava

Quando, na verdade, me mentia…

Tantos os perigos quando se ouve apenas o olhar,

Quando se procura a perfeição na aparência,

Enquanto lentamente se esvazia a essência

E se corrompe o nosso bem-estar!

Passaram noventa pesados dias,

De restrição sem limite…

Ansiedade entrando sem convite

A cada mínimo apetite.

Gritos surdos e cegas vontades

Levaram-me até ao precipício,

Cujo fundo não tinha indício

De qualquer queda ou saíde suaves.

Pela última vez me vi

Antes de seguir para o abismo;

Chorei, ri, gritei- até que,

Por um instante… os olhos fechei.

Parou, por momentos… a minha dor;

O mar revolto amainou:

Inspira… Expira…

Viva estou.

Provei o ar doce que emanava,

Enquanto, lentamente, me acalmava…

A partir daí, os olhos não tornei a abrir

Com medo de me aproximar novamente

De vontades fatais,

De decisões duras demais.

Então substitui a visão distorcida

Pelo tato que me dá vida…

Pelo toque que me permite conhecer

A forma de tudo o que desejo entender.

Sou humana, sou sensível…

Finalmente, compreendo:

Que não preciso de olhos para ver,

Quando pela minha pele posso ler.

A realidade dispõe-se diante de mim

À distância de um braço estendido,

À proximidade de um gesto enternecido

Que se revela tão simples assim…

Abro espaço às mais vagas sensações:

Da pressão que os meus pés fazem no solo

À leveza de um lençol no meu colo;

Busco agora o físico e afasto as ilusões.

Começo a descobrir o meu verdadeiro corpo;

A construir um autorretrato honesto,

Que me faz viajar para um lugar modesto.

Onde posso ser… e sentir quem sou.

No meu toque encontro agora um caminho seguro,

Caminho longo, digno e puro,

Pelo qual vou poder limitar o meu contorno

Num desenho sem transtorno.

Já não temo mais a minha cópia invertida

Na superfície que, em tempos, me ameaçou a vida;

Dela já não preciso para me conhecer:

Pois tenho o tato comigo, e agora sinto para ver…

3º Juvenil: Sofia Martins (Escola EB 2,3 Professor Abel Salazar do Agrupamento de Escolas Abel Salazar)

VER PELO TATO

Um toque é mais forte do que um simples olhar,

é ir mais fundo, é saber o que procurar.

Sorte não é poder ver,

Sorte é poder sentir,

Sentir o mundo como ninguém,

como ninguém sentiu,

Amar como poucos amaram,

Sorrir como todos sorriram,

Mas é sorrir de forma diferente,

É sorrir verdadeiramente,

É o sorriso de quem sente.

Ver pelo Tato,

é tão colorido como ver pelos olhos.

1ª Menção honrosa: Rui Ribeiro (Escola EB 2,3 Professor Abel Salazar do Agrupamento de Escolas Abel Salazar)

VER PELO TATO

Ver é uma arte,

uma arte minuciosa,

há quem veja com os olhos,

mas há quem tenha essa arte nas mãos.

O tato é uma linguagem silenciosa,

com o tato vê-se além do mundo,

Usa-se a intuição.

Mais informações em: https://realces.pt/concurso-literario/

Sobre o autor

Fórum administrator

O Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência é um órgão informal de debate, de consulta e informação que funciona com o apoio da Divisão da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães e que, em 2018, completa 15 anos de existência. Composto por representantes de associações e instituições públicas e privadas, pessoas com deficiência e respetivos representantes o Fórum assume como principais funções a promoção e organização de debates temáticos e de ações e projetos de interesse para as pessoas com deficiência, assim como a apresentação de propostas e sugestões dirigidas a este público. Podem fazer parte do Fórum associações e instituições públicas e privadas, com personalidade jurídica, pessoas com deficiência e seus representantes. Os membros devem ser registados.

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