“Cuidar é, talvez, o mais nobre ato de amor.” Foi com esta afirmação que o vereador para a Coesão e Desenvolvimento Social da Câmara Municipal de Guimarães, Eduardo Leite, abriu a sessão realizada no dia 5 de novembro, Dia Nacional do Cuidador Informal, sublinhando o compromisso firme do município em “não deixar os cuidadores sozinhos”.
Reunindo cuidadores informais, técnicos, profissionais de saúde e representantes de instituições locais, o encontro procurou dar protagonismo a quem, diariamente, assegura cuidados essenciais a pessoas e situações de dependência ou fragilidade, muitas vezes de forma silenciosa e invisível.
Ao longo da sessão, foi lembrado que o cuidador informal não é apenas uma figura secundária no sistema social, mas um verdadeiro pilar humano, responsável por garantir dignidade e continuidade de vida a quem depende de cuidados permanentes.
O diretor do Núcleo de Prestações de Solidariedade do Centro Distrital da Segurança Social, Hugo Conceição, destacou a urgência de olhar para esta realidade com clareza: “O cuidador é um anseio, um berro, um grito da sociedade”. Recordou ainda que, apesar dos avanços registados em 2024 na agilização dos processos de reconhecimento do estatuto, o país atravessa um “inverno geracional”, refletido na previsão de uma inversão profunda da balança demográfica: “Se hoje temos cinco cuidadores para duas pessoas cuidadas, amanhã podemos ter cinco pessoas cuidadas para dois cuidadores.”
A importância dos Planos de Intervenção Específica (PIE), o papel das equipas multidisciplinares e a criação de grupos de autoajuda foram também apresentados como instrumentos essenciais para reduzir o isolamento, fortalecer vínculos e promover equilíbrio emocional.
A Cruz Vermelha Portuguesa realçou e reforçou a sua missão de proximidade: “Cuidar de quem cuida é um ato de amor, respeito e reconhecimento”, anunciando a intenção de criar sessões online para chegar a cuidadores que não conseguem deslocar-se.
Também o Gabinete de Apoio aos Doentes Neurológicos do Lar de Santa Estefânia destacou o trabalho desenvolvido no acompanhamento de pessoas com demência e as suas famílias. Fernando Alves Pinto recordou que Guimarães acolhe o maior projeto Café Memória a nível nacional, em vias de realizar a sua centésima sessão. Renata Costa sublinhou a complementaridade entre este projeto e o Gabinete de Alzheimer de Guimarães, que presta orientação social continuada.
A psicóloga Mariana Sousa trouxe uma dimensão profundamente humana à sessão: “O cuidador é um farol na tempestade, que orienta no nevoeiro.” Falou ainda do luto associado ao diagnóstico, não apenas o luto pela perda, mas o luto pela vida que muda. E lembrou que “todos nascemos com dupla cidadania: o reino da saúde e o reino da doença”, apelando à compaixão e ao reconhecimento social do cuidado.
No encerramento da sessão ficou uma mensagem clara, cuidar não é um ato individual, é um compromisso coletivo. Reconhecer o cuidador informal é reconhecer o valor da empatia, da interdependência e da dignidade humana.
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