As mulheres com deficiência e o seu envolvimento social

PorFórum

As mulheres com deficiência e o seu envolvimento social

A poucos meses do RISEWISE [Women with disabilities In Social Engagement] terminar, o Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência foi conhecer melhor este projeto e perceber qual o envolvimento das duas entidades portuguesas promotoras – a Universidade do Minho e a Fraterna – Centro Comunitário de Solidariedade e Integração Social – no âmbito de um total de 14 parceiros internacionais.

Os Projetos Research and Innovation Staff Exchange (RISE) são um tipo de projeto do programa Horizonte 2020 que pretende melhorar a relação entre o mundo académico e os outros setores da sociedade. É nesse sentido que as organizações portuguesas que integram o RISEWISE são a Universidade do Minho e a Fraterna – Centro Comunitário de Solidariedade e Integração Social. Graças a esta oportunidade ambas trabalham com outros parceiros internacionais partilhando experiências e conhecimento, quer na área académica quer na área social e mesmo empresarial.

“O projeto envolve o intercâmbio de pessoas das instituições académicas e não-académicas com o objetivo de gerar um intercâmbio intersectorial e internacional, para partilhar conhecimentos e ideias e contribuir para o avanço do desenvolvimento da ciência e da inovação”, explicam Pilar Parra e Gregoria Hernández, duas professoras da Universidade Complutense de Madrid (UCM), em Espanha.

O projeto RISEWISE [Women with disabilities In Social Engagement] centra-se no grupo de mulheres com deficiência e pretende identificar as necessidades e as melhores práticas em vários países da União Europeia, representando ambientes culturais e socioeconómicos diferentes, com vista à respetiva integração e melhoria da qualidade de vida nas diferentes dimensões.

“O objetivo do projeto é identificar os pontos fracos e obstáculos que as mulheres com deficiência enfrentam nas diferentes facetas da vida, seja a social, a familiar, a profissional, depois apresentar propostas de boas práticas, utilizando a tecnologia, e formas de ultrapassar esses obstáculos”, explica a presidente da Fraterna, Marta Coutada.

Como é que podemos utilizar a tecnologia para ajudar à inclusão das mulheres com deficiência? Este projeto propõe-se a dar resposta a esta questão e, é nesse sentido, que a vertente tecnológica assume um papel central no RISEWISE.

Para o fazer, acrescentam Pilar Parra e Gregoria Hernández, “aplica-se um novo método de análise, com base na experiência adquirida com o intercâmbio de investigadores e profissionais no espaço europeu entre as várias instituições participantes, com o objetivo de identificar as linhas de investigação multissectorial para melhorar a integração de pessoas com deficiência”.

Entrevistadas em 2017, Pilar Parra e Gregoria Hernández, duas professoras da Universidade Complutense de Madrid (UCM), passaram dois meses em Guimarães a estudar as questões relacionadas com a deficiência e as mulheres em Portugal.

O estudo elaborado permitiu concluir que “Portugal tem atualmente legislação suficiente e os dados estatísticos da União Europeia mostram que foram feitos progressos significativos em áreas como a educação, a formação profissional ou a acessibilidade, por exemplo”.

Estas foram as primeiras investigadoras a concluir a estadia na Fraterna e parte dos resultados foram apresentados a 26 de abril de 2017 no auditório da Biblioteca Municipal de Guimarães.

Mas desde essa altura, já passaram seguramente, cerca de 20 investigadores pelas instalações desta entidade, provenientes de Itália, Espanha, Turquia, Suécia. “Fazem trabalho de investigação e pesquisa e propõem-nos atividades quando querem testar alguma metodologia ou quando querem divulgar boas práticas,” descreve a presidente da Fraterna.

Sikku Barbutiu é uma das investigadoras da Universidade de Estocolmo, na Suécia, que está atualmente em Guimarães para dar o respetivo contributo no âmbito do RISEWISE.

“No mundo académico temos três tarefas: temos que dar aulas, temos que fazer investigação e temos que colaborar com a sociedade e o RISEWISE foca-se nos contributos para a sociedade”, esclarece a investigadora sueca.

Um dos interesses de Sikku Barbutiu é a aprendizagem não-formal e de que forma este método pode criar novas oportunidades e novos tipos de plataformas para ajudar as pessoas. “Eu aprendi muito sobre a diversidade da condição humana, somos todos diferentes, temos todos diferentes contextos de vida, mas apesar de todas estas diferenças temos em comum o facto de sermos todos seres humanos”, refere a investigadora da Universidade de Estocolmo.

O próximo passo é partilhar esta informação e para o efeito está a ser criada uma plataforma online colaborativa que vai reunir todos os resultados deste projeto. “No meu entender conseguimos ser bem-sucedidos porque conseguimos compilar uma enorme quantidade de informação em todos os países parceiros sobre o contexto atual das mulheres com deficiência”, refere Sikku Barbutiu.

A etapa final deste projeto, que está previsto terminar em agosto de 2020, é a criação de um roteiro e a exploração de resultados. O impacto da participação da Fraterna no RISEWISE é ainda difícil de medir, assim como é, o dos restantes 13 parceiros e de todos os envolvidos, no entanto uma coisa é certa: a aprendizagem é garantida. “Temos aprendido muito, alargamos a rede de contactos e temos partilhando experiências noutras áreas que são o nosso foco. Aprendemos na área da deficiência, mas não é um conhecimento que seja central para a Fraterna, o que nós queremos é que esse conhecimento seja transmitido às entidades que trabalham com a deficiência no concelho de Guimarães”, explica Marta Coutada

E Guimarães é uma cidade boa para receber um projeto desta envergadura? “Todos adoram a cidade de Guimarães e também por isso temos tido tanta procura por parte dos investigadores europeus porque a mensagem que transmitem aos colegas é excelente. Não só em termos de cidade em si, que é uma cidade muito agradável e muito bonita, mas depois porque são bem acolhidos”, avalia a presidente da Fraterna.

Sikku Barbutiu em jeito de conclusão atesta e recomenda: “Este é um local fantástico, tem história e têm um clima invejável [risos]”.

 

“Capacitar mulheres com deficiência [Empowering Women with Disabilities]” foi o mote para a iniciativa programada para 02 de outubro, no âmbito do Projeto Europeu RISEWISE – “RISE Women with disabilities In Social Engagement” que se realizou na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho no campus de Azurém, em Guimarães.

Este evento interdisciplinar reuniu vários palestrantes convidados para discutir diferentes perspetivas sobre assuntos relevantes nesta área, nomeadamente no âmbito do empoderamento através do design, da tecnologia, da interação social, através do trabalho, da investigação, das políticas, legislação, das artes e do lazer.

“O objetivo deste evento é inspirar e enriquecer as opiniões dos participantes sobre os tópicos”, lia-se no programa do evento que pretendia “ajudar a moldar e a refinar ideias para pesquisas em andamento”.

 

Nos dias 14 e 15 de setembro de 2018 realizou-se o workshop “Cultivando o Futuro..”, uma iniciativa integrada no Projeto Europeu RISEWISE – “RISE Women with disabilities In Social Engagement” que visava promover um intercâmbio internacional de reflexões teóricas, a disseminação de boas práticas e a análise de estudos de caso sobre a questão do desporto para pessoas com deficiência e que contou com a participação de atletas paraolímpicos e especialistas internacionais.

 

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O Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência é um órgão informal de debate, de consulta e informação que funciona com o apoio da Divisão da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães e que, em 2018, completa 15 anos de existência. Composto por representantes de associações e instituições públicas e privadas, pessoas com deficiência e respetivos representantes o Fórum assume como principais funções a promoção e organização de debates temáticos e de ações e projetos de interesse para as pessoas com deficiência, assim como a apresentação de propostas e sugestões dirigidas a este público. Podem fazer parte do Fórum associações e instituições públicas e privadas, com personalidade jurídica, pessoas com deficiência e seus representantes. Os membros devem ser registados.

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